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Lixo nas areias de Itaipu preocupa equipe do Projeto Aruanã na nova temporada de capturas intencionais de tartarugas marinhas

O início da nova temporada de capturas intencionais de tartarugas marinhas trouxe uma triste constatação para a equipe do Projeto Aruanã: a grande quantidade de lixo que vai parar no oceano e que foram lançados nas areias da Praia de Itaipu, em Niterói (RJ).

De acordo com as pesquisadoras do projeto, os resíduos foram encontrados no terceiro dia da temporada, quarta-feira (15/10), e parecem ter sido trazidos pela maré e pelos fortes ventos dos últimos dias, um retrato alarmante da poluição costeira e dos impactos diretos das ações humanas sobre o ambiente marinho.

O cenário registrado em Itaipu coincide com o recém-criado Decreto Federal nº 12.644, de 1 de outubro de 2025, que institui a Estratégia Nacional Oceano sem Plástico para o período de 2025 a 2030.

As capturas intencionais, realizadas nos meses de abril e outubro, em Itaipu, fazem parte das atividades de pesquisa científica voltadas à conservação das tartarugas marinhas, permitindo o monitoramento de indivíduos, coleta de dados biológicos e avaliação das condições de saúde.

Desde o ano passado, o Projeto Aruanã, que conta com o patrocínio da Petrobras do Governo Federal por meio do Programa Petrobras Socioambiental, também realiza o monitoramento na Marina da Glória, no centro do Rio de Janeiro, ampliando a área de estudo e contribuindo para o conhecimento sobre a presença das espécies na Baía de Guanabara.

O lixo invisível que reaparece trazido pela maré

No terceiro dia de temporada em Itaipu, o que foi capturado pelo Projeto Aruanã foi lixo! Após dois dias de pesquisa onde 10 tartarugas foram capturadas em cada dia, no terceiro dia, para a surpresa da equipe, nenhum animal foi visto. Em compensação, muitos resíduos foram recolhidos.

Acredita-se que o material sólido tenha chegado à Praia de Itaipu trazido pela maré, em decorrência dos fortes ventos que atingiram a costa do Rio de Janeiro entre terça e a quarta-feira. Parte dos resíduos que costuma permanecer invisível no fundo do mar acabou sendo devolvida à superfície, lançada nas areias da praia.

Um difícil desafio até 2030

Em 1º de outubro, o Governo Federal instituiu a Estratégia Nacional Oceano sem Plástico para 2025 a 2030 através do Decreto 12.644. O plano consiste em orientar e coordenar ações públicas e privadas que visam prevenir, reduzir e eliminar a poluição por plásticos no oceano nos próximos 5 anos.

Diante do que foi verificado ontem pelo Projeto Aruanã, sabe-se que o desafio de pôr em prática os objetivos da Estratégia Nacional exigirá o extremo comprometimento de todos os setores da sociedade e, principalmente, daqueles que criam, executam e fiscalizam ações de políticas públicas voltadas a estes propósitos.

Um dia de conscientização: o dever é de todos

No dia 20 de setembro, o Projeto Aruanã promoveu um mutirão de limpeza de praia em Itaipu como um marco no Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias. Na ocasião, foram recolhidos 65,47 kg de resíduos da areia e 24,95 kg de lixo subaquático, com o apoio da Reserva Extrativista Marinha de Itaipu (Resex-Mar Itaipu).

“É preocupante ver que, mesmo o tema sendo tratado com urgência e após tantas campanhas de conscientização, o lixo continua chegando ao mar e retornando às nossas praias. Essa poluição afeta diretamente não só as tartarugas marinhas e toda a vida costeira como nós, seres humanos”, disse a Coordenadora Geral do Projeto Aruanã, Dra. Suzana Guimarães.

Entre os materiais retirados da praia, estavam dezenas de garrafas PET, vidros, plásticos descartáveis, embalagens, canudos, bitucas de cigarro e hastes de cotonete, além de outros itens: vidro (22,05 kg), plástico mole (descartáveis e embalagens, 18,08 kg), garrafa PET (7,40 kg), plástico duro (5,20 kg),  borracha (3,60 kg), tampa plástica (2,24 kg), papel (1,77 kg), tecido (1,12 kg), isopor (880 g), tampa de metal (760 g), lata (720 g), canudo (560 g), bituca de cigarro (390 g), luvas descartáveis (330 g), hastes de cotonete (200 g) e eppendorfs (usados para venda de drogas ilícitas, 190 g).

No mar, mergulhadores e mergulhadoras parceiras coletaram um total de 24,95 Kg de lixo subaquático: um pneu (10 kg), cordas (14,65 kg) e fragmentos de redes e linhas de nylon (300 g). Além disso, foram encontrados outros objetos diversos: 1 cadeira plástica, 2 lâmpadas, 1 chapa de ferro, 13 arames de guarda-sol, 2 barras de ferro, 1 pá de obra, 8 isqueiros e 20 kg de pequenos itens não triados.

Um item que chamou a atenção foram as hastes de cotonetes. Por que há tanto delas espalhadas pela areia das praias? Isso mostra como ainda falta conhecimento sobre o caminho que esses materiais percorrem após o descarte. Muita gente acredita que jogá-los no vaso sanitário é inofensivo, sem imaginar que eles podem chegar ao oceano. Além disso, revelam ainda que há limitações nos sistemas de tratamento de esgoto, que não conseguem filtrar resíduos tão pequenos.

A cena observada em Itaipu reforça a importância de que sejam tomadas medidas urgentes de políticas públicas de enfrentamento da poluição marinha e reforça a necessidade de ações de sensibilização e educação ambiental da população.

A conservação das tartarugas marinhas é a nossa paixão

O Projeto de monitoramento de tartarugas marinhas surgiu em 2010 através de um grupo de estudantes e com atuação restrita à Praia de Itaipu, Niterói. 

Parceria e ampliação dos esforços na pesquisa e conservação

O projeto também atua em parceria com diversas instituições públicas ou privadas, redes e ONGs com a finalidade de ampliar esforços e sensibilizar a população sobre a preo

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