Projeto Aruanã é parceiro da Resex-Mar Itaipu desde sua criação, em 30 de setembro de 2013 .
A Reserva Extrativista Marinha de Itaipu, em Niterói (RJ), completa 10 anos e, para comemorar o aniversário, a gestão da Resex-Mar organizou uma programação nas praias de Piratininga e Itaipu. Várias atividades estão previstas, como as de sensibilização ambiental, festival do pescado e corrida das canoas de pescadores tradicionais, além de entrega de crachás de beneficiários da reserva extrativista e homenagem aos conselheiros da Resex-Mar Itaipu.
A união de esforços entre o Projeto Aruanã, que conta com a parceria da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e a Resex-Mar de Itaipu tem contribuído para as ações de monitoramento das tartarugas marinhas. A Resex-Mar Itaipu é uma categoria de Unidade de Conservação de Uso Sustentável (UC) criada pelo Decreto Estadual nº 44.417 para proteger as tradições e os modos de vida dos pescadores artesanais tradicionais da região das praias de Itaipu, Itacoatiara, Camboinhas e Piratininga, em Niterói, e também para tornar possível a sustentabilidade e a proteção ambiental das áreas marinhas adjacentes a estas praias.
Próxima à entrada da Baía de Guanabara, a Resex-Mar Itaipu localiza-se na área oceânica de Niterói, ocupando um espelho d´água de aproximadamente 3.943 hectares e abrange, ainda, a Lagoa de Itaipu. Ela fica ao lado do Parque Estadual da Serra da Tiririca, com uma área que fornece fartura de alimentos para uma variedade de espécies marinhas, entre elas as tartarugas, que são o foco das pesquisas do Projeto Aruanã.
20 anos para a criação da Resex-Mar Itaipu
A criação da Resex-Mar Itaipu foi o resultado de uma longa mobilização que envolveu pescadores, pesquisadores, instituições, ambientalistas, órgãos de governo e organizações. O processo de criação da reserva extrativista marinha durou 20 anos, sendo que a primeira proposta de uma Resex naquela região data da década de 90. Depois de recuos e avanços, um grupo de pescadores artesanais de Itaipu apresentou uma proposta de fundação da Resex-Mar Itaipu em 2012 à Secretaria de Estado do Ambiente – atualmente Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS) –, que, em conjunto com o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e a Universidade Federal Fluminense (UFF), retomaram o processo para fundar a Resex. Após mais de uma dezena de reuniões, oficinas e uma consulta pública, ela foi finalmente criada.
Líder seringueiro Chico Mendes e as reservas extrativistas
A ideia das reservas extrativistas que deu origem à Resex-Mar Itaipu vem de uma histórica mobilização que tem como marco as ações lideradas pelo líder seringueiro Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido por Chico Mendes, que se tornou referência mundial do movimento ambientalista e de defesa da Floresta Amazônica.
Chico Mendes ficou conhecido por assumir a liderança de movimentos de seringueiros, indígenas e ribeirinhos, promovendo mobilizações contra o desmatamento da Amazônia. Sob a liderança de Chico Mendes, os seringueiros se opunham a projetos de desenvolvimento na região amazônica amplamente praticados pelos governos na década de 1970 que incluíam empreendimentos relacionados à agropecuária extensiva, mineração e à atividade de extração de madeira em larga escala.
Tais projetos tinham como consequência a concentração fundiária, a devastação da floresta, contaminação de rios, mortes, disseminação de doenças, assim como o êxodo de povos tradicionais e originários para as cidades. Para os seringueiros, era preciso respeitar os modos de vida dos seringueiros, indígenas e ribeirinhos.
Em 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes foi assassinado a tiros no quintal de sua casa em Xapuri (AC). No início dos anos 1990, pouco mais de um ano após a sua morte, foram criadas as primeiras reservas extrativistas brasileiras por meio de decreto federal, dentre elas a Reserva Extrativista Chico Mendes.
Todas as reservas seguem o princípio de que são espaços territoriais protegidos, organizados na forma de UCs, para a preservação dos meios de vida e a cultura de populações tradicionais, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais.