No dia 13 de outubro, o Projeto Aruanã vai iniciar mais uma temporada de capturas intencionais das tartarugas marinhas que habitam a área da Reserva Extrativista Marinha de Itaipu (Resex-Mar Itaipu), em Niterói (RJ).
A ação é realizada em parceria com pescadores locais e voluntários, sob a coordenação dos(as) pesquisadores(as) do Projeto Aruanã, que conta com o patrocínio da Petrobras do Governo Federal por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
O objetivo é monitorar a população de tartarugas residentes na região, por meio de marcação, medição, pesagem, registro fotográfico para identificação individual (fotoidentificação), avaliação de saúde e coleta de amostras de tecido para pesquisas científicas. O público que quiser conhecer de perto o trabalho pode acompanhar as capturas intencionais, realizadas duas vezes por ano, geralmente em abril e outubro, com duração de 8 dias por temporada,
na Praia de Itaipu.
Uma história especial
Nas capturas realizadas em maio deste ano, foram registradas 25 tartarugas-verdes (Chelonia mydas), espécie comum na região. Do total, 7 indivíduos foram identificados pela primeira vez e o menor deles apresentava 29,1 cm de comprimento curvilíneo de carapaça (CCC) e 2,9 Kg.
O maior animal registrado tinha 86,1 cm de CCC e 80 kg e tem uma história especial: ele foi capturado pela primeira vez em 21 de outubro de 2021, quando media 52,9 cm de CCC e pesava 18,4 kg. Na ocasião, apresentava tumores de fibropapilomatose, doença caracterizada pelo surgimento de massas de tecidos benignos que podem afetar
externamente ou internamente os animais. Desde então, ele foi recapturado 13 vezes pelo Projeto Aruanã.
Na temporada de maio de 2023, a equipe de pesquisadores do projeto identificou no casco do indivíduo 4 marcas de lesões superficiais características de impacto com hélice de motor de embarcação. Nas capturas de outubro do mesmo ano, verificou-se uma boa evolução na cicatrização do casco. Em maio de 2025, o casco estava totalmente cicatrizado e o animal apresentava ótima condição corporal.
Pesquisa científica e a conservação marinha
O monitoramento realizado pelo Projeto Aruanã é importante para o avanço do conhecimento científico e para a conservação das tartarugas marinhas. Realizada desde 2013, a metodologia já foi testada e validada pelo Projeto Aruanã. Graças à marcação e à fotoidentificação, é possível reconhecer os indivíduos que vivem na região, acompanhar seu crescimento, taxas de abundância e demais parâmetros populacionais.
Para as capturas intencionais, é utilizada uma rede especialmente desenvolvida para o manejo seguro das tartarugas marinhas. Durante a temporada, são seguidos protocolos rígidos de bem-estar voltados aos animais capturados. A cada dia de trabalho, a equipe do projeto e os voluntários montam um cercado provisório na faixa de areia, para onde as tartarugas são levadas para a realização das medições e marcações. Depois, elas são devolvidas imediatamente ao mar.
Seguindo normas e autorizações do Centro Tamar/ICMBio, o Projeto Aruanã atua sob a licença Sisbio nº 77721, contribuindo para o Plano de Ação Nacional para Conservação das Tartarugas Marinhas, para a continuidade das pesquisas científicas e, ainda, para o fortalecimento das ações de conservação dos ecossistemas costeiros na Baía de Guanabara.