O Programa de Ciência Cidadã do Projeto Aruanã completou três anos de atuação unindo ciência, participação popular e conservação marinha. A iniciativa vem mobilizando a sociedade a contribuir ativamente para o monitoramento das tartarugas marinhas na costa brasileira, consolidando-se como uma importante ferramenta de apoio à pesquisa e à gestão ambiental.
Os três anos do programa, completados em 21 de outubro, marcam um trabalho desenvolvido pelo Projeto Aruanã, que conta com o patrocínio da Petrobras do Governo Federal por meio do Programa Petrobras Socioambiental, a partir das informações enviadas pelo público.
Crescimento na participação dos cidadãos cientistas
Ao longo desse período, o programa recebeu mais de 600 contribuições encaminhadas por cidadãos cientistas, com uma média anual de 200 registros — o equivalente a mais de um registro a cada dois dias. Somente nos últimos cinco meses foram contabilizados mais de 90 novos registros, indicando um crescimento significativo na média anual. As informações enviadas pelo público, por meio de fotos e vídeos, documentam a ocorrência das cinco espécies de tartarugas marinhas encontradas no litoral brasileiro: tartaruga-verde, tartaruga-de-pente, tartaruga-cabeçuda, tartaruga-de-couro e tartaruga-oliva.
Segundo o Coordenador de Pesquisa e Sustentabilidade do Projeto Aruanã, Dr. Augusto Machado, até o momento o programa já contabiliza contribuições provenientes de seis estados dentre os 17 com litoral no Brasil, alcançando 35% dos estados costeiros e abrangendo mais de 24 municípios. “Esses números reforçam a importância da participação social na detecção, monitoramento e resgate de tartarugas marinhas”, afirma Machado.
Ciência Cidadã: conhecimento coletivo a favor da conservação
De acordo com o coordenador do projeto, o termo Ciência Cidadã (Citizen Science) refere-se à “produção de conhecimento científico realizada com o envolvimento direto da sociedade, por meio da coleta, registro e compartilhamento consciente de dados por pessoas não especialistas”. Essas contribuições colaborativas auxiliam pesquisadores a responderem questões fundamentais sobre a biologia e a ecologia de diferentes grupos de organismos, como tartarugas marinhas — e fornecem informações essenciais sobre a saúde dos ecossistemas.
Além disso, a ciência cidadã permite detectar, de maneira ágil, agentes causadores de distúrbios ambientais, como espécies exóticas invasoras, lixo marinho ou outros impactos. “A união entre cientistas e cidadãos amplia o alcance do monitoramento ambiental e fortalece ações de conservação, especialmente quando os dados gerados são incorporados a processos de gestão e tomada de decisão”, declara o Dr. Augusto Machado.
Reconhecendo sua relevância global, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) destaca e incentiva a ciência cidadã como uma estratégia essencial para aproximar ciência e sociedade, democratizando o acesso ao conhecimento e estimulando a participação pública na solução de desafios globais.
Como funciona o Programa de Ciência Cidadã do Projeto Aruanã
O programa do Projeto Aruanã, executado pelo Instituto de Pesquisas Ambientais Littoralis, tem como foco principal a identificação e o monitoramento de tartarugas marinhas na região metropolitana do Rio de Janeiro. Seus objetivos incluem o engajamento da sociedade na conservação dos ambientes marinhos e a formação de um banco de dados sobre a ocorrência das espécies na área de atuação do projeto. Esses dados contribuem para compreender áreas de vida, padrões de uso de habitat, concentração de indivíduos, potenciais ameaças e até mesmo avaliar sua condição de saúde.
Para promover esse engajamento, o Projeto Aruanã tem intensificado ações de sensibilização, capacitação e mobilização social, por meio de campanhas divulgadas nas redes sociais e no site oficial (projetoaruana.org.br). Paralelamente, a equipe vem ampliando sua atuação por meio de atividades de educação ambiental e do fortalecimento de uma rede de parceiros, que inclui operadoras de mergulho, agentes do mar, colônias de pesca, instituições de ensino e o público em geral.
Saiba como participar do Ciência Cidadã
O programa também é apresentado em visitas guiadas ao Centro de Visitação do projeto, em Itaipu (Niterói, RJ), e em ações externas realizadas em escolas, espaços públicos, palestras e cursos — iniciativas que reforçam a integração entre ciência e sociedade.
Conforme Augusto Machado, a população é convidada a colaborar enviando fotos, vídeos ou relatos de ocorrências de tartarugas marinhas (vivas ou mortas) sempre que observadas na natureza. E como participar? Em caso de avistamento de uma tartaruga marinha viva, debilitada ou morta, as pessoas devem tirar fotos e/ou produzir um vídeo, publicar em suas redes sociais marcando o projeto com uma breve descrição ou enviar uma mensagem privada pelas nossas redes sociais. É importante que a localização do registro seja informada da maneira mais precisa possível.