O Projeto Aruanã promoveu no mês de outubro mais uma temporada de capturas intencionais de tartarugas marinhas na praia de Itaipu, em Niterói/RJ. O trabalho é desenvolvido em conjunto com voluntários e com os pescadores da Reserva Extrativista Marinha de Itaipu (Resex-Mar Itaipu) sob a coordenação das pesquisadoras do Projeto Aruanã, que conta com a parceria da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Com uma rede especialmente confeccionada para a finalidade, a captura intencional dos animais tem o objetivo de monitorar as tartarugas marinhas, com a marcação, medição, pesagem e imagens para fotoidentificação, assim como avaliar a condição de saúde e a coleta de tecido para pesquisas científicas.
Em 8 dias de atividade, foram capturadas 30 tartarugas marinhas da espécie Chelonia mydas, que é a mais abundante na região e é popularmente conhecida como tartaruga-verde ou tartaruga-aruanã. De acordo com os resultados preliminares, 25 animais já haviam sido capturados em temporadas anteriores e 5 nunca haviam sido capturados.
Dentre os 5 indivíduos, que foram marcados pela primeira vez com anilhas de identificação, o menor apresentava 36,0 cm de comprimento curvilíneo de carapaça (CCC) e 5,6 kg. O maior animal dentre todos tinha 80,8 cm de CCC e 62,9 kg, e, pelo histórico do monitoramento, foi marcado pela primeira vez em 22 de outubro de 2021 com 65,6 cm de CCC.
A Coordenadora de Campo do Projeto Aruanã, MSc. Larissa Araujo, destacou a importância da metodologia de trabalho que conta com o monitoramento através de marcações com anilhas numeradas cedidas pelo Centro TAMAR-ICMBio e com a fotoidentificação, importante para poder continuar identificando os animais mesmo em caso de perda de marcas, além de permitir monitorar o estado de saúde ao longo dos anos Nas atividades de capturas intencionais de tartarugas marinhas, a dedicação dos voluntários e dos pescadores também faz a diferença. Sob a supervisão das pesquisadoras do Projeto Aruanã, a temporada realizada em outubro deste ano contou com a participação de 25 voluntários do quadro atual do voluntariado do projeto, 1 pescador que integra a equipe, além de cerca de 15 voluntários da Petrobras.
Monitoramento do estado de saúde das tartarugas
Conforme Larissa Araujo, das 30 tartarugas marinhas capturadas, 11 delas apresentavam tumores de fibropapilomatose (FP), que é caracterizada pela presença de massas tumorais benignas que podem variar em tamanho, morfologia e localização no corpo do animal. Podem ocorrer tanto externamente (mais comum) quanto internamente (em órgãos) e, dependendo da área afetada e do tamanho dos tumores, o quadro de saúde pode comprometer a sobrevivência das tartarugas. O acompanhamento do estado de saúde desses indivíduos, com foco na prevalência de FP, sua progressão e regressão, faz parte do trabalho desenvolvido pelo Projeto Aruanã.
Ainda como parte do balanço da segunda temporada anual de 2023, 3 animais possuíam em seus cascos cicatrizes indicativas de colisão com hélices de embarcações. De acordo com Larissa, na primeira temporada deste ano, em maio, 1 dos 3 animais já havia sido avaliado pela veterinária Dra. Daphne Wrobel e apresentou uma ótima evolução no processo de cicatrização.